Cláudio Ribeiro
claudioribeiro@opovo.com.br
Ana Mary C.Cavalcante
anamary@opovo.com.br
06 Mai 2010 - 03h15min
Do desenho nos ferros de marcar o gado no sertão, com suas letras e traços incomuns, ou do aboio do vaqueiro, o cântico que sempre parece lamento e oração na condução do gado ou entoado em tardes nos alpendres. Da comida que os mais velhos sempre alertaram de reimosa, que ``faz mal``, ou do costume de quem sempre orientou banhar os corpos de seus mortos e aparar-lhe as unhas antes do funeral. Tudo herança judia, só para citar algumas. A discussão sobre origens e a reafirmações judaicas pelos rincões do Nordeste e nas demais regiões do País está sendo feita em Fortaleza, desde ontem, no I Congresso Nacional de Bnei Anussim.
Os bnei anussim, ou anoussitas, como se denominam, são os descendentes de judeus que sofreram opressão dos tribunais religiosos da Inquisição Ibérica (de Portugal e Espanha) a partir do século XV. A gente dos judeus fugiu para a colônia portuguesa Brasil pela severidade da perseguição naqueles anos, que os levava aos cárceres, ao açoite público ou até à fogueira. O congresso é a primeira oportunidade de reunir as diversas comunidades praticantes dos ensinamentos da fé difundida pelos povos hebreus e de Israel espalhados pelo Brasil.
Vários estados
Ontem, no primeiro dos dois dias do encontro, no hotel Marina Park, participação de judeus de Pernambuco, Amazonas, Rio Grande do Norte, Distrito Federal, Pará, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e vários do Ceará. Uma das palestras programadas é a do vice-governador do Estado e historiador, Francisco Pinheiro.
Entre os representantes no encontro, grupos distintos de anoussitas: os que reivindicam o reconhecimento como judeus pela legislação israelense; os que são indiferentes ao reconhecimento oficial, mas seguem o judaísmo; e os que não podem provar a origem judaica, aceitam a conversão, mas não podem custeá-la (que exigiria inclusive a emigração ao Estado de Israel).
O organizador do Congresso é o israelense Sagiv Simona, empresário, de 36 anos, que mora no Ceará e é casado com a cearense Patrícia, filha de cearenses judeus. ``Aqui eu também estou na terra do meu povo. Não quero converter ninguém. Interessa que quem tenha sobrenome judeu tenha conhecimento de suas origens``, disse Sagiv, citando diversas famílias que carregam a descendência e podem nem saber disso.
Sobrenomes
Nos registros, surgem sobrenomes como Campos, Sousa, Lopes, Ribeiro, Silva, Pinto, Ferreira, Oliveira, Henrique & mais uma vez, apenas alguns como referência. A lista de famílias com ascendência de judeus é uma das mostras da exposição Criptojudeus, também aberta ontem, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, na Praia de Iracema. Estará aberta ao público até o próximo dia 23. Criptojudeu era o judeu obrigado a cultuar seus ritos às escondidas, até professando em outras crenças, para se manter em segredo na caçada feita pelos inquisidores.e.
DICIONÁRIO
>Anoussitas:
Descendentes de judeus vítimas de perseguição pelos tribunais da Inquisição existentes na Espanha e Portugal entre os séculos XV e XIX. Entre as representações existe o Sindicato Israelita das Comunidades Anoussitas, sediado em Israel.
> Inquisição:
Eram tribunais eclesiásticos que julgavam crimes de heresia, condutas consideradas impróprias pela Igreja Católica. Entre elas, os ritos da crença judaica. A Inquisição Portuguesa, que relação mais direta com o Brasil, existiu oficialmente de 1536 a 1821.
[...]
Fonte:
http://opovo.uol.com.br/opovo/brasil/980559.html
Os bnei anussim, ou anoussitas, como se denominam, são os descendentes de judeus que sofreram opressão dos tribunais religiosos da Inquisição Ibérica (de Portugal e Espanha) a partir do século XV. A gente dos judeus fugiu para a colônia portuguesa Brasil pela severidade da perseguição naqueles anos, que os levava aos cárceres, ao açoite público ou até à fogueira. O congresso é a primeira oportunidade de reunir as diversas comunidades praticantes dos ensinamentos da fé difundida pelos povos hebreus e de Israel espalhados pelo Brasil.
Vários estados
Ontem, no primeiro dos dois dias do encontro, no hotel Marina Park, participação de judeus de Pernambuco, Amazonas, Rio Grande do Norte, Distrito Federal, Pará, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e vários do Ceará. Uma das palestras programadas é a do vice-governador do Estado e historiador, Francisco Pinheiro.
Entre os representantes no encontro, grupos distintos de anoussitas: os que reivindicam o reconhecimento como judeus pela legislação israelense; os que são indiferentes ao reconhecimento oficial, mas seguem o judaísmo; e os que não podem provar a origem judaica, aceitam a conversão, mas não podem custeá-la (que exigiria inclusive a emigração ao Estado de Israel).
O organizador do Congresso é o israelense Sagiv Simona, empresário, de 36 anos, que mora no Ceará e é casado com a cearense Patrícia, filha de cearenses judeus. ``Aqui eu também estou na terra do meu povo. Não quero converter ninguém. Interessa que quem tenha sobrenome judeu tenha conhecimento de suas origens``, disse Sagiv, citando diversas famílias que carregam a descendência e podem nem saber disso.
Sobrenomes
Nos registros, surgem sobrenomes como Campos, Sousa, Lopes, Ribeiro, Silva, Pinto, Ferreira, Oliveira, Henrique & mais uma vez, apenas alguns como referência. A lista de famílias com ascendência de judeus é uma das mostras da exposição Criptojudeus, também aberta ontem, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, na Praia de Iracema. Estará aberta ao público até o próximo dia 23. Criptojudeu era o judeu obrigado a cultuar seus ritos às escondidas, até professando em outras crenças, para se manter em segredo na caçada feita pelos inquisidores.e.
DICIONÁRIO
>Anoussitas:
Descendentes de judeus vítimas de perseguição pelos tribunais da Inquisição existentes na Espanha e Portugal entre os séculos XV e XIX. Entre as representações existe o Sindicato Israelita das Comunidades Anoussitas, sediado em Israel.
> Inquisição:
Eram tribunais eclesiásticos que julgavam crimes de heresia, condutas consideradas impróprias pela Igreja Católica. Entre elas, os ritos da crença judaica. A Inquisição Portuguesa, que relação mais direta com o Brasil, existiu oficialmente de 1536 a 1821.
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Fonte:
http://opovo.uol.com.br/opovo/brasil/980559.html
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